quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Post nº 79


AS  GRANDES  CRISES  ECONÔMICAS  DA  HISTÓRIA
No século XIX a invenção do navio "clipper" multiplicou o comércio em todos os quadrantes do mundo e o
mercado financeiro ganhou enorme importância. A economia se globalizou e suas crises também



A 1ª grande crise econômica de que temos notícia clara é a "crise agrária" de Roma no século II AC. Ela
causou grave crise política e o assassinato dos senadores reformistas Caio e Tibério Graco

A primeira grande crise econômica de que se tem notícia ocorreu no Egito há quase quatro mil anos e é relatada na Bíblia através da parábola das “7 vacas gordas e 7 vacas magras”. Abstraindo a parte fantasiosa da história, tudo indica que o sábio escravo judeu José previu que algo andava mal na Economia do país e preveniu o faraó com bons argumentos. Este então o nomeou 1º ministro com amplos poderes para enfrentar a crise que se avizinhava e a história bíblica mostra como um líder sábio e inteligente é capaz de prever a marcha da economia no médio prazo e de agir de acordo a fim de evitar possível catástrofe.

Além da "Grande Crise Egípcia do 2º Milênio AC", a história registra outras graves crises econômicas, embora dando muito mais ênfase aos seus aspectos políticos do que aos seus aspectos puramente econômicos. As mais graves ocorreram no Império Romano, cuja história conhecemos com abundância de detalhes, destacando-se na Era Pré-Cristã a crise agrária do século II AC, que causou o assassinato dos senadores reformistas Tibério e Caio Graco, e a crise dos devedores no século I AC, que causou a rebelião e morte do senador reformista Lucius Catilina, alvo no Senado de Roma das famosas “Catilinárias”, notáveis discursos do grande orador Marcus Tulius Cícero, líder da facção conservadora. Mas todas elas foram localizadas e não ultrapassaram os limites dos países onde ocorreram e de suas regiões vizinhas, como foi o caso da "Crise Egípcia", a qual também atingiu a Judeia, conforme o relato bíblico.

A primeira crise de natureza realmente global, pois atingiu vários países da Europa, norte da África e Oriente Próximo, foi a crise inflacionária do final do século III da Era Cristã. O excesso de gastos do governo imperial com revoltas, invasões e guerras civis causou cunhagem exagerada de moeda metálica, sobretudo das que não tinham valor intrínseco, como era o caso das moedas de cobre, e os preços dispararam, levando o imperador Diocleciano a decretar o primeiro congelamento generalizado de preços da história. Mas seu efeito foi limitado e o que realmente solucionou a crise foi paralisar a cunhagem de moeda, moralizar a arrecadação de impostos e cortar as despesas. Isto Diocleciano conseguiu dando racionalidade à administração através da divisão do imenso Império em quatro impérios menores, todos unidos sob sua autoridade em uma espécie de federação. Ele nomeou imperadores três generais de sua confiança e os colocou em lugares estratégicos, onde ficassem mais perto dos administrados e pudessem fiscalizar a máquina burocrática do Estado com eficácia.

Nos tempos modernos as crises econômicas cresceram e se tornaram o fato dominante na vida dos povos, mesmo quando eles disso não se apercebam, fazendo menos importantes até mesmo guerras e revoluções. A crise atual, iniciada em 2008, ainda está em pleno desenvolvimento e ninguém pode prever seus desdobramentos futuros, mas uma coisa é certa: sua solução está longe, pois todos os remédios aplicados até agora se mostraram apenas tópicos, incapazes de lhe dar um final feliz.

Este blog é sobre “História Antiga”, mas, sendo as crises econômicas fenômeno quase tão antigo quanto a civilização, creio que não fugiremos do nosso objetivo se aqui as abordarmos dentro de um contexto abrangente que tenha o “moderno” como simples desdobramento do “antigo” para o bom entendimento do aficionado de história. Visando auxiliar tanto os economistas quanto os leigos a melhor entenderem a crise atual, pois a solução de qualquer problema passa por sua prévia compreensão, a ótima revista britânica “The Economist” publicou breve história das cinco maiores crises dos últimos tempos, que republicamos abaixo.        











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